Maria Lopes

Maria Lopes

quarta-feira, abril 27, 2016

O que vem a ser Mônada.

O que vem a ser Mônada.


O ser criado por Deus, ao individualizar o princípio inteligente unido ao princípio material, não tem um nome específico dentro da Codificação. Para preencher a lacuna vou chamá-lo de mônada, aproveitando um nome que parece corresponder ao conceito e à etimologia. Neste verbete do meu dicionário particular, escrevi que mônada é o ser criado simples e ignorante por Deus, quando uniu o princípio espiritual ao princípio material, como partes integrantes e inseparáveis uma da outra, como são a cara e a coroa, numa moeda.

Para não confundir conceitos, repito: a mônada não é tão somente o espírito ou o princípio espiritual ou o princípio inteligente ou a alma, mas cada um destes valores conceptuais, que são sinônimos, associados ao princípio material (fluido universal), dando origem ao ser que transitará através da escada evolutiva, desde os mais simples, nos reinos inferiores até sua chegada ao grau de Espírito Puro.
Embora não se devesse confundir, muitas vezes se utiliza tão somente as palavras espírito, princípio espiritual ou princípio inteligente como sinônimo de mônada, ou de mônada como princípio inteligente, como se utiliza alma por Espírito ou Espírito por alma.
Esta palavra não é avessa aos princípios doutrinários No livro Alternativas da Humanidade (Na Era do Espírito), edições FEESP, há um excelente trabalho feito por Astrid Sayegh, associando a Teoria da Mônada, de Leibniz, aos princípios da Doutrina Espírita, mostrando que a mônada é substância como realidade, e não substância enquanto conteúdo do pensamento, como um termo puramente psicológico de nossas vivências, mas substância enquanto realidade em si e por si, ou seja, que independe de qualquer realidade exterior a si.

André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, capítulo III, por diversas vezes refere-se à mônada como esse
ser que transita através dos filtros do transformismo dos diferentes graus da evolução anímica. Escreve:

a) A mônada vertida do Plano Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção...

b) As mônadas celestes exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma...

c) Com o aparecimento dos vírus, surge o campo primacial da existência... oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva;

d) Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada... nos domínios dos artrópodos...

Edgard Armond, em Iniciação Espírita, tomo VII, Estudo dos Seres e da Vida, fala que as mônadas luminosas, emanadas do foco universal que é Deus,... atraem a si, automaticamente, o fluido cósmico universal, plasmável, do qual se revestem para ganhar forma. A mesma idéia Armond repete na conclusão desse estudo, ao dizer que estas centelhas de luz ou mônadas se individualizam atraindo a si o fluido cósmico com o qual se revestem e, automaticamente, caem no vórtice da involução.
Discordo quanto à expressão emanação de Deus, por ser um conceito orientalista, porquanto o mais correto doutrinariamente seria criação de Deus. Também não considero lógica a afirmação de que as mônadas atraem para si, automaticamente, o fluído cósmico, porque isso mais parece o efeito de uma atração química, puramente material; mais ainda, nos dá a idéia de que o princípio inteligente poderia existir independentemente do princípio material, o que vai contra os princípios da Doutrina Espírita.
Em última análise, todavia, Armond nos transmite a idéia da existência de um ser formado de um princípio inteligente (centelha) e de um corpo oriundo do fluido universal. Gabriel Delanne também utilizou a palavra mônada em A Evolução Anímica, capítulo 11, ao dizer: Desde o aparecimento do protoplasma no seio dos mares primitivos, desde que as primeiras mônadas manifestaram fenômenos vitais...
J. Herculano Pires no seu livro Introdução à Filosofia Espírita, capítulo V, escreve: Compreendemos sem dificuldade que Deus cria os seres com os elementos constitutivos do Universo, e que os Espíritos são os seres múltiplos e finitos que Deus cria com o barro simbólico do princípio inteligente, envolvidos na ganga do fluido universal e do princípio material.
Em continuidade, afirma que "essência e forma constituem a existência". Tudo o que existe se constitui de uma essência que toma determinada forma e se reveste de matéria. A forma, como Aristóteles já descobrira, não pertence matéria mas dela se apossa para amoldá-la. Procede de um elemento intermediário: o fluido universal".
Como observação a estas palavras de Herculano, de acordo com os princípios espíritas, pode-se dizer: Em primeiro lugar, que se Deus cria os seres com os elementos constitutivos do universo, essa criatura não poderia existir ou ser um ser simples de um só destes elementos, porque se assim fora, desde a criação poderia ter sido. O raciocínio de Herculano está correto, quando coloca o fluido universal como intermediário entre o espírito e a matéria, conforme a questão 27 do LÊ.
Em segundo lugar, se tudo o que existe se constitui de uma essência que toma determinada forma, com o que concordo, essa forma procede ou decorre do fluido universal, que individualiza o ser como corpo, para que a essência (espírito) possa manifestar-se.
Em terceiro lugar, se os Espíritos dizem que fluido é fluido, como matéria é matéria, há que se deduzir que o espírito pode libertar-se da matéria, mas não pode libertar-se do fluido que é parte constitutiva de sua individualidade, desde a criação, sendo dele espírito, portanto, integrante e inseparável, conforme escreve Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns e em A Gênese.
A parte formal, corpo físico e corpo espiritual são, em sua natureza, constituídos de matéria, por isso são perecíveis, mas a essência, espírito, e o corpo mental, formado do fluido universal, são imperecíveis. É esta parte imperecível, espírito e fluido universal, existente desde a criação até sua chegada a Espírito Puro que identifico como mônada.
Ao escrever A Evolução do Princípio Inteligente, Edições FEESP, disse que a matéria pode existir sem o princípio inteligente, mas que este, individualizado pela criação divina, não pode existir sem ela, conforme interpretava os ensinos dos Espíritos. Herculano Pires, em Agonia das Religiões, capítulo VII, também estudando o princípio inteligente, fala a mesma coisa. Diz: "No "fíat" ou "ato" inicial da criação temos a ação direta e ativa do pensamento divino estruturando a matéria.
Uma vez formada essa estrutura, surge um elemento novo que é designado pela expressão princípio inteligente". Este "transforma-se na mônada, elemento básico e estrutural da matéria, de que são compostas as próprias partículas atômicas".
Concluindo, ao se admitir a existência dessa unidade, criada por Deus, formada do princípio espiritual mais o princípio material (fluido universal), há que se admitir também que esse algo deva ter um nome específico.
Mônada me pareceu a palavra correta, conforme Pitágoras, Platão, Leibniz, Delanne, André Luiz, Herculano e outros. Tem-se assim nomes bem definidos:

a) Mônada - ser formado pela união do princípio inteligente e seu corpo mental, imperecíveis, integrantes e inseparáveis um do outro, qualquer que seja o mundo em que viva e o grau evolutivo em que se encontre;

b) Espírito - ser resultante da união da mônada, mais seu corpo espiritual perecível, formado, pelos elementos do mundo em que esteja vivendo, enquanto desencarnado;

c) Homem - ser formado pela união do Espírito, mais seu corpo físico perecível, no nível de encarnado.

Dentro desta idéia, o homem é, pois, formado pela união do princípio inteligente, mais o corpo mental, mais o corpo espiritual, mais o corpo físico.
O Espírito Puro é a mônada que retomou ao seio de Deus cheia de amor e sabedoria, adquiridos de experiência em experiência, em sua romagem evolutiva, ao longo dos milênios e milênios

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