Maria Lopes

Maria Lopes

sábado, dezembro 30, 2023

Vacina anti-HIV: de volta à estaca zero



Maria Lopes e Temas Transversais
Vacina anti-HIV: de volta à estaca zero



Dezembro Vermelho: prevenção e combate a HIV/Aids

Dezembro é o último mês do ano, e, nesse período, falamos sobre a importância da conscientização e da prevenção à Aids. Datas como essa são importantes para gerar debates e reflexões na sociedade em prol da melhora na saúde da população.

O Dezembro Vermelho foi instituído no ano de 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar a população de todos os países sobre os riscos da doença. No ano seguinte, o Ministério da Saúde do Brasil também adotou a campanha. O dia 1º de dezembro é considerado o Dia Mundial de Combate à Aids.



Por que Dezembro Vermelho?

O laço vermelho, símbolo da campanha, surgiu no ano de 1991, por meio de um coletivo de artistas de Nova Iorque chamado Visual Aids. O vermelho foi escolhido em função de sua ligação com a paixão e por ser a cor do sangue.

A partir desse momento, o laço vermelho se espalhou pelo mundo todo, representando um sinal de esperança no combate ao HIV.



O que é a Aids?

A Aids é uma doença que ataca o sistema imunológico, responsável pela defesa do nosso corpo contra as doenças. Ela é causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esse vírus tem a capacidade de alterar o DNA dos linfócitos – células de defesa presentes no sangue –, fazer cópias próprias, multiplicar-se e destruí-los.

É importante ressaltar que nem toda pessoa que possui HIV tem Aids. Isso porque a Aids é o estágio mais avançado da infecção pelo HIV, quando o sistema imunológico está bastante enfraquecido.

As complicações geradas pela Aids ao nosso organismo permitem que outras doenças afetem a saúde humana, podendo levar à morte.



As formas de transmissão da doença

Os soropositivos, ou seja, as pessoas que possuem o HIV no organismo, podem transmiti-lo através de relações sexuais desprotegidas e transfusão de sangue infectado. A mãe também pode passar para o filho durante a gravidez e a amamentação.

A contaminação também pode ocorrer por meio de seringas e outros objetos de uso pessoal.



Como se prevenir contra a Aids?

Assim como na prevenção a outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), é essencial o uso de preservativos durante as relações sexuais para evitar a contaminação pelo HIV.

É fundamental que se realize a testagem para o HIV de maneira precoce. Caso tenha passado por uma situação de risco, como sexo sem camisinha ou compartilhamento de seringa, a pessoa deve realizar um teste o mais rápido possível.

O ensaio clínico que testava dois esquemas experimentais de vacinas contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV) na África foi interrompido após os pesquisadores anunciarem que as chances são “praticamente nulas ” de o estudo demonstrar a eficácia desses imunizantes. Segundo os especialistas, o estudo de fase 2b foi a última tentativa de desenvolver vacinas contra o HIV a partir de anticorpos sem ação neutralizante. Agora, os será preciso voltar à estaca zero.

“Não podemos e não perderemos a esperança de que o mundo tenha uma vacina eficaz contra o HIV que seja acessível a todos que precisam dela, em qualquer lugar do planeta”, disse em um comunicado Birgit Poniatowski, diretora-executiva da International AIDS Society (IAS). Liderado pela África e apoiado pela Europa, o estudo vinha sendo realizado desde 2018 em quatro centros em Uganda, Tanzânia e África do Sul e contou com 1.513 participantes entre 18 e 40 anos de idade. O ensaio da vacina estava testando a combinação de dois esquemas experimentais anti-HIV, além de uma nova forma de PrEP. O ensaio clínico da PrEP vai continuar.

De acordo com dados da IAS, na região leste e sul da África, onde o ensaio clínico está sendo executado, vivem quase 21 milhões de pessoas com aids — no mundo todo, há 39 milhões de indivíduos com a doença. A notícia não gerou uma grande surpresa, já que os dois últimos estudos que testaram anticorpos sem ação neutralizante na profilaxia contra o HIV mostraram ausência de eficácia, disse ao Medscape o Dr. Larry Corey, virologista e pesquisador responsável pela HIV Vaccine Trials Network, com sede nos Estados Unidos.

Contudo, os resultados desse estudo podem ajudar a esclarecer uma questão. “Há um pequeno grupo de pessoas que tem respostas imunitárias realmente altas a uma parte do vírus que chamamos de alça V1V2”, explicou. “Mas a proporção de indivíduos com essa resposta imunitária é de apenas 8% a 10% da população. Se esse estudo, usando um vetor diferente, mostrar a mesma coisa, teremos que dedicar muito mais tempo criando um antígeno que leve 100% das pessoas aos níveis de imunidade possivelmente correlacionados com a alça V1V2. Assim, sairíamos desse estudo com uma boa ideia de qual seria o próximo passo.”

Até o momento, disse o médico, os cientistas que estão trabalhando para criar uma vacina anti-HIV ainda não determinaram qual parte do vírus deve ser o alvo. “O ensaio clínico foi muito bem-feito, e esta é a parte boa”, disse Dr. Larry. Mas “será que vamos aprender alguma coisa com ele”? A falta de uma vacina contra o HIV continua a frustrar pacientes e cientistas, especialmente porque os imunizantes que protegem de outras doenças, como a covid-19, foram criados em tempo recorde. Mas [combater] a covid-19 foi um desafio completamente diferente nessa área, explicou o especialista.

“Estamos fazendo algo muito mais difícil com o HIV do que fizemos com a covid-19”, disse Dr. Larry. “As vacinas anticovídicas impedem que o indivíduo fique doente, mas as pessoas continuam sendo infectadas. No caso do HIV, é preciso evitar a infecção, e isso requer muito mais anticorpos e uma resposta imunitária muito melhor”. Embora existam outras ferramentas de prevenção do HIV, a vacina é a única maneira de atingir as metas globais de eliminação do vírus, observou Dr. Larry, ressaltando que, entre as pessoas com maior risco de contrair o HIV, “a incidência de 4% ao ano se manteve inalterada nos últimos 15 anos”.

“Não estamos nem perto de acabar com a epidemia do HIV”, disse o virologista. “Não vamos atingir a meta estabelecida para 2030, e um dos motivos é que entre 40% e 50% dos casos de infecção por HIV em todo o mundo ocorre em pessoas que não se identificam como sendo [do grupo] de alto risco”. Essa é a limitação da PrEP, que está disponível há quase duas décadas. A eficácia dessa estratégia depende da aceitação, do uso adequado e da adesão por pessoas com alto risco de contrair o HIV. “Isso tem sido péssimo com a PrEP oral”, disse.

Existem também os antirretrovirais e os anticorpos monoclonais, ambos de ação prolongada. Mas, considerando o custo e o esforço que demandam, eles também seriam indicados principalmente para pessoas que se consideram de alto risco, ressaltou Dr. Larry. “Em alguns países, é possível afirmar que todos são de alto risco”. A única maneira de realmente controlarmos uma epidemia é usando uma vacina, disse ele. “Só porque é difícil, não significa que vamos desistir. Todos os dados dizem que é necessário [criar um imunizante eficaz].”


Veja mais: Medscape



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